In memoriam
Catava silenciosa os pedaços de nós. Uma caneca vazia em cima da mesinha de centro, seus chinelos no canto do sofá, suados, como se chorassem a sua eterna falta. Sua camisa azul preferida jogada no braço da cadeira de madeira no lado sul daquela sala imensamente vazia, que tão cheia era e hoje é um abismo. Ainda ontem era de risos que se inundava cada pedra dessa estrutura. Hoje só o silencio aguado de uma vida toda pela frente sem você. Eram de sonhos bonitos que nossos olhos enchiam-se, você vinha sorrindo como o campeão que a vida te fez, honesto nas derrotas, brilhante nos desafios, encantador nas vitórias! Caminhando até com certa pressa em direção ao futuro, desesperado pelo fim do que definiria um novo começo para todos. Talvez, o capitulo mais forte e mais significativo da história estivesse sendo escrito ali, no canto mais distante daquele trágico voo, na janela olhando lá fora nuvens escuras e certo ar de mistério, talvez ansiedade, mais um jogo, um desejo incontrolável