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-NÃO ERA A POEIRA...

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Mudei-me recentemente sabe, e da minha nova casa posso ver pela janela imensa da sala a vida lá fora mais clara e empoeirada do que nunca. No fim dessa tarde, deixei-a aberta por conta do ar sufocante e quente que me açoitava os pulmões castigando-os. E pude sentir a invasão completa da poesia que emanava da rua desesperada por virar palavras que pudessem ser lidas. No fim da tarde amarelada daquela janela um senhor de blusa verde a cabelo extremamente branco pousou seu corpo envelhecido sobre o asfalto quente e ficou ali parado, como que congelado contemplava o horizonte, os carros e a vida que naquele instante abominava sua presença ali atrapalhando o transito. O senhor, eu via pelo meu espelho por acaso, perdeu seu chinelo e o buscava com seus pequenos passos retraídos e cuidadosos que com certeza a vida lhe ensinou durante seus melhores dias. Talvez, eu pensei comigo, talvez aquela minúcia o tivesse mantendo vivo ate aquele momento. Quantos se perdem dessa vida por sua inconseq