- ALHEIO
Entrava na sala sempre olhando todos os cantos como um homem naturalmente preocupado e desconfiado de tudo. Sem telefone com internet, apenas a boa e solene ligação por voz. Sem rede social,apenas a cervejinha de domingo com os amigos no quintal a contarem histórias e rirem juntos. Sem YouTube ou Spotify, apenas seu rádio na estação mais musical que tivesse disponível. Era apenas ele é aquela montanha de velharias que ninguém mais queria possuir aquele ponto, frisando que ele as possuía de verdade e não elas a ele.
Fitava por horas um banco que podia ser visto da janela, nesses momentos distraído, para os espectadores, poderia-se dizer que não havia mais medos nele. Seus olhos eram profundos, brilhantes e intensos, quase que ardiam fixamente voltados àquela árvore envelhecida. De vez em quando surgia uma coisa no seu rosto que um romântico diria que é saudades, um poeta que era uma lembrança de amor. Afinal, quantos abismos moravam nele? E como ele podia apenas olhando uma árvore prestes a morrer ser o único na sala que parecia um ser vivo humanóide?
Todos os engessados em seus mundos tecnológicos, esqueceram que viver é olhar as estações numa praça passar lentamente, sem cronômetro de 30s, sem velocidade 2x. Apenas parar calmamente desconfiado em uma janela e dar o seu melhor em curtir a vida acontecendo loucamente sem as pessoas!
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