ABISMO PARTICULAR

     Em sete anos de vida eu já era o que costumava me autodenominar de precoce... Uma criança com status de adulto, que já havia experimentado de tudo... De bom, de ruim, de amargo e doce... E por isso nunca pude entender como alguém podia dizer que já viveu tudo desse mundo, se eu que comecei a experimenta-lo tão cedo ainda não o sentiria nem bem em sua metade da metade. E quando a vida se torna uma imensa solidão e nossos planos caem por agua abaixo... Ai é que sabemos mesmo que não somos nada e não sabemos nada e nem estamos preparados para tais imprevistos.

     Eu, como tantas outras pessoas por ai também tenho uma historia repleta de amores e dores... E há também essas angustias que me obrigam a sentir saudade... Eu acho que a origem de minha saudade reside nas minhas angustias, são tantas e tão dolorosas... E eu sinto saudade de experimentar alguma paz, uma sensação de falta de algo que nunca vivi e um inexorável desejo de viver. E hoje a um passo do fim eu fico olhando para os lados em desespero querendo e não querendo um socorro. E sigo na corda bamba sem saber quando caio ou fico firme, sem chão, sem céu, sigo andante ainda pelo mundo perdida. E vontade de terminar a historia e ser eu a decidir por um ponto final em tudo, mas num dá. A ideia que isso é uma grande tolice me soa no ouvido direito e eu não consigo dar um passo e me atirar. E embaixo os espectadores olham e ficam na expectativa. No seu intimo adoram uma boa tragédia e eu pular é uma ótima tragédia para essa pequena cidade que tem tantos cérebros como há pombos machos pondo ovos nas matrizes. 

     E eu duvido de tudo. Menos, essa duvida que não podia mesmo existir, menos do sentimento que eu tinha e você matou em vida. Você é mais de 'vocês' na verdade do que alguém em particular. E eu beberia se fosse chegada nessas coisas e eu morreria se cresse que isso me libertaria desse vazio e me encheria daquela tão almejada paz... Mas, não faço nem uma coisa nem outra. Só escrevo. E desejo brutalmente sangrar os peitos com minha dor e compartilhando-a perdê-la!

   

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