-ENCONTRO MARCADO
Aquela era sem duvida minha livraria favorita no
centro de Campina. Seu ar de aconchego e graça me prendia e me fazia sentir
leve. E em especial, naquele dia, você que vestia uma camisa social preta de
manga três quartos, jeans informal e sapatos pretos com bicos quadrados estava
completamente impecável e abismado com o espaço e as opções. Eu quando cruzei a
porta e te vi fiquei quieta, parada, apenas contemplando sua paixão por aquele
exemplar do Dan Brown, pelo brilho nos teus olhos, pela delicadeza e suavidade
com que segurava o exemplar, arriscaria dizer que era um de seus autores
favoritos, e mais tarde apenas confirmei minhas suspeitas. E depois sem querer
nós topamos e você imediatamente pediu desculpas, afirmando estar tão distraído
e eu, claro sorri simpática desculpando você por ser tão irresistível. Mas, foi
você que disse sem que eu esperasse que voltaria ali na quinta e adoraria tomar
um café na minha esplendida companhia. Perguntei como sabia que minha companhia
era esplendida e você sorriu como um menino tímido e disse que sabia pelo livro
que eu escolhera. Firmemente disse “Alguém que lê Dostoievski não pode ser nada
menos que agradável”. Na quinta então estarei aqui... Mas, não pude ir na
quinta, saia de casa quando fora chamada as pressas, minha tia havia tido um
agravo de saúde e eu era a mais próxima. Ainda fora lá outras vezes, mas você
não voltou.
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Naquele dia
de sol ameno resolvi dar uma volta na praia. Gostava de caminhar na areia no
fim da tarde e pensar ou apenas olhar para a imensidade do mar. E assim seguia
a passos curtos e sem pressa... Quando percebi que você me olhava de longe como
se me conhecesse e parecia surpreso de um modo feliz, sinceramente senti um
calorzinho no coração, mas nada alarmador, afinal nem sabia quem era você. Mas,
foi quando você se aproximou sorrindo e com olhos que pareciam estrelas
cadentes de intensos e cativantes e me abraçou que eu me apaixonei por um
estranho. Sua frase parecia tão baixa que era mais sussurro do que qualquer
outra coisa ‘ Encontrei você’, foi o que entendi. Não lembrei mesmo de você,
mas fiquei sem graça de dizer. Perguntei como estava... E ai você respirou
fundo e disse ‘feliz!’. E nem como aconteceu no minuto seguinte conversávamos
como velhos conhecidos e a noite chegou tão rápido. A lua no céu estava
deslumbrante e nos servia de testemunha fiel, a gente precisava mesmo
encontrar-se naquele dia e viver aquele beijo quente e que era de começo, mas
parecia de saudade.
E ai você propôs ficar na minha vida por uns tempos
‘tipo pra sempre, sabe!’, e eu topei. E no nosso primeiro jantar eu fiquei de
levar o vinho branco suave que escolhemos juntos. E você fez fondir e estava na
sala a minha espera quando eu cheguei debaixo de um temporal e estava
encharcada, arrumava meus cabelos molhados quando toquei sua campainha e você
veio abrir ansioso e lindo como sempre, gentil você se preocupou de me secar e
aquecer. E seus braços são o melhor lugar do mundo, e ali permanecemos. Um bom
vinho, uma boa conversa e muito carinho. Respirava-se naquele ambiente a
certeza de uma busca de sucesso e um plano de futuro... A gente falava de
coisas tão simples e pareciam grandes, eram partes do meu e do seu mundo... E
naquele dia a gente escolheu compartilhar um só mundo com elementos dos dois
outros mundos que já faziam parte de nós.
E hoje, quando acordei cedo e senti seu braço forte
me puxando para junto de ti e apoiando sua cabeça no meu peito vi que você
ressonava tranquilamente e soube que como para mim, para você, meu Amor,
eu também sou toda a paz que procurava.
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