-AINDA BEM QUE EU PEGUEI ESSE ÔNIBUS!
Eu
peguei o ônibus que faz o maior percurso por falta mesmo de opção naquele
instante. Mas, o maior percurso transcorre dentro de nós um maior numero de
pensamentos e para seres extremamente fáceis de devanear e perder-se em
pensamento esse é até um momento de prazer singelo.
O
fato é que senti ao longe um cheiro familiar, lembrei-me de casa... Da minha
velha casa lá no curimataú, na minha Cuité que a chuva tem esquecido, com
aquele cajueiro cansado na porta e sua imensa fadiga de seca, com seus retoques
de isolada e sua áurea de saudade eterna de tempos que já não voltam mais... Sonhei
ontem com a lua cheia, a lua mais linda do mundo, que em sua imensidão enchia
os nossos olhos vista sobre a lagoa, aquele era o reflexo mais soberano e
glorioso que havia naquele cantinho... Hoje está tão vazio, dá tanta saudade...
Lembrei-me
então de outra eu que era bem mais jovem, bem menos cansada e mais sonhadora do
que eu poderia descrever, lembrei-me do primeiro emprego (um dos) que deram um
pouco certo, lembrei que aquele escritório cheio de papéis e números tinha um
cheiro familiar como o que eu estava sentido agora... E eu já sabia definir
aquilo que invadia minhas narinas me arrancando do presente e remetendo-me ao
passado de anos juvenis, era cheiro de terça-feira! Isso mesmo! Aquele
escritório tinha cheiro de terça-feira ou então a terça-feira é que tinha
cheiro de escritório. Papeis e números confusos, lápis com borracha num vaivém
infinito sobre aquelas folhas sofridas. Resquícios de memórias que se misturam
e já não são nítidas, mas são profundamente tocantes. Outra lembrança que
carrego de lá e o cheiro de móvel limpo, faxina de sábado e ‘chute’ de
crescimento. Engana-se quem se espanta com tal expressão, aquilo foi o melhor
que alguém poderia ter feito ou dito para aquela menina ‘Você não cabe aqui,
porque você é muito maior que isso!’, quem não gostaria de ouvir algo assim? Tá
bom, não foi bem assim, mas foi assim que significou para mim e no fim das
contas não importa mesmo o que as pessoas falam, só importa o que a gente
entende do que elas falam.
Acabando
o trajeto se vão junto às memórias, creio que elas ficam perdidas entre uma
curva e outra da estrada, as arvores as absorvem e ficam guardadas no seu néctar
até que um dia do nada quando a gente menos esperar, a gente passa lá de novo e
respira o cheiro da lembrança e torna-se feliz outra vez por mais alguns quilômetros
de estrada!
Nossa que maravilha de texto. "lembrancas, lembrancas como é bom viajar nos bons pensamentos". Parabéns 👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluirParabéns pelo texto,como é maravilhoso ler e viajar em nossos pensamentos, tão real ����������������
ResponderExcluirNossa parabéns pelo texto, viajei real em pensamentos.������������
ResponderExcluir