-UM DIA QUE SONHEI COM VOCÊ
Bem, são sonhos, quem pode
nos culpar por eles afinal? Acho que falar sobre ele era bom, mas ver seu
sorriso, beijar sua boca quente e sentir seu corpo ardente, isso mesmo em sonho
foi recompensador.
Hoje fiquei a tarde inteira
me perguntando quando mesmo você decidiu que a gente ia ser platônico? Quando você
decidiu que a gente ia ser só amigos, condenados a friend-zone e nada mais?
Quando que a gente com nossas igualdades migramos silenciosamente para esta
zona desconfortável de existir por necessidade, cuidado ou apenas solidão no
outro?
Se tivesse achado uma
resposta precisa, tenho a impressão que não me sentaria nesse apartamento frio
e meio triste com suas paredes coloridas e seu ar de saudade e escreveria sobre
nós, aquele nós com que eu sonhei outra noite e você sorriu ao lembrar. Ficou
com misto mais de curiosidade do que de desejo de estar ciente do sonho, como se pudesse sentir que saber os detalhes mudaria você, mas
para mim eterna romântica, até o seu sorriso de raiva me apaixonava.
Vou te contar porque sei que
minha mente é bem mais fértil que a sua e apesar do seu talento, criaria
algumas bobagens, com as quais simplesmente já não me importo, que surgem em
meio a conversas serias, ou mórbidas e eu ignoro para você entender que somos
mais que involucro de perfume elegante, mesmo sem notar, somos a essência
e abstração, a melhor sensação intocável, inviolável, sagrada. Somos exatamente
neste momento distante, aquilo que éramos no meu sonho, mas com muito mais
emoção.
Eram três homens
aparentemente apaixonados e um deles seguro do prêmio do amor, você sorria com
ar de segredo superior, como se pudesse apostar que ganhara meu coração antes
mesmo de eu saber disso. Era uma busca pela perfeição de um sonho e ali estávamos
os quatro tentando decidir que caminhos poderíamos seguir e quem ia afinal nos
acompanhar nesta jornada. A espera acabara tão subitamente que nem sequer sentira que havia existido mais alguém além de nós naquele palco.
E de repente éramos nos dois sozinhos naquela sala
fantasiados de desenho animados, Aladim e a princesa da Disney nunca antes
estiveram tão alinhados e sincronizados numa dança como naquele momento estávamos
nós perdidos em braços e braços que pareciam rolos de lã que nunca se concluem
num enlace e desenlace de ternura.
Em seguida éramos jogadores
num jogo perigoso de sedução ardente e amor fugaz, desmensurado e selvagem. Na cena seguinte corríamos
nós fingindo não estar juntos para depois estarmos como na primeira vez
embriagados e perdidos um no outro.
Eu sabia agora que apesar de
todo esforço em descrever aquele instante tão breve e tão eterno, nem toda
caricia trocada, nem todo beijo doado, nem todas as mordidas e doçuras vividas
poderiam ser descritas sem perdas, afinal tudo isso era somente um sonho não é
verdade?
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