-SEGUNDA-FEIRA
Havia
acordada inspirada para aquele tipo de sentimento que no inicio de outubro já
ardia no meu peito. Havia sonhado com ele por tempos indefinidos e sua presença
sonhada, mas não vivida fora uma insanidade a cada instante. Havia chegado a
hora de abandonar os medos, limpar as gavetas do coração, recomeçar se fosse
preciso... Tomara naquela manhã uma decisão ousada de dar mais um primeiro
passo em sua direção constante.
Dezembro
se aproximava de mim na velocidade da luz, cada dia era apenas um flash de
viver, mergulhada na ansiedade e pressa de poder estar logo do seu lado eu
programei uma viagem de ultima hora, pois para mim era uma questão de tempo que
eu discutia comigo mesmo há anos e sempre chegava à mesma conclusão: Não havia
tempo sobrando para ser desperdiçado com tanta saudade!
O
dia finalmente chegara, sentia que isso poderia ser uma aposta alta e arriscada
e isso me deixava ainda mais orgulhosa pela coragem que morava no amor e que
agora agia em meus passos. Pisei no avião e sentia toda minha alma trêmula,
estava atordoada e extremamente assustada e fora inevitável pensar se poderia
desistir ali mesmo... Mas, eu não podia e não havia nada a ser feito agora
exceto sentar, colocar o sinto, rezar um pouco e ouvir as orientações de como
poderia me manter em segurança mesmo sem acreditar que alguma daquelas coisas
realmente pudessem me salvar...
Olhei
ainda mais ousadamente pela janela quando aquela águia gigante de aço alcançou
o céu. Eu mesma parecia também estar mais plena, lá embaixo toda a vida era
apenas pequena demais para ser notada, e no infinito azul a paz me abraçou. E
chegamos nem sei como porque o mergulho que essa viagem me trouxera dentro de
mim fez-me perder por algum tempo, que fora mais de 6 horas, mas pareceram
apenas segundos. Desci com ânsia de vomito, talvez pela novidade de tudo,
talvez pela altura, pelo sono interrompido... Um passo depois do outro,
pequenos, tímidos e já não estamos no mesmo lugar.
Avistei-o
ao longe sorrindo, corremos ao mesmo tempo na direção do outro e finalmente
tocamos as mãos, nossos corpos era apenas um que não se sabia ao certo onde
começava e terminava. Senti seu olhar em chamas sob o meu, e nossos lábios indo
na direção da entrega...
No
entanto, esse beijo jamais aconteceu até hoje, pois quando a perfeição do
momento seria finalmente alcançada simplesmente o despertador toca
desesperadamente como uma mãe que tira um filho de casa em chamas, e me traz a
realidade de estar atrasada para o trabalho em plena segunda-feira. Sinto
vontade mesmo de jogar longe aquele aparelho monstro que me separou de você,
mas nem tenho tempo para queixas porque a obrigação me aprisiona com laços
apertados e devo apenas ir...
Muito bom. Gostei demais,você é maravilhosa no que faz. Escreve de maneira que nos leva nessa viagem com você. Escreva sempre mais.
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