-MEU CRUSH

De repente veio a minha lembrança você estragando com suas gracinhas meu momento filosófico quando eu tentava dizer a você que gostava do novo e esperava com certa calma morna ele tomar forma... ‘Espero que não seja forma de jerimum, mas jerimum com leite é uma delicia’, foi um choque de realidade intercalado por sua risada gostosa.

E pela janela as luzes de uma cidade a faziam sorrateiramente mais bela diante de meus olhos como se a minha distração com a música que tocava me levasse para onde nascem suas belezas. E do nada me pego olhando para você e tentando entender o seu mundo. E você dirige com certa atenção e certa ternura e fica clara sua leveza quando em muitos momentos você simplesmente sorri tão além que parece que tem alguém contando piadas bem no seu ouvido, algo discreto, mas muito cômico que é só seu.

E lembro-me da viagem, do convite inusitado, da chuva, das arvores que dançavam na estrada. E lembro-me das observações que você fazia e que gosta de ‘star trek’, seu favorito. E a música do outro dia toca invisível do meu lado, e ainda estamos sentados, eu no cinema pela primeira vez e você comendo a pipoca que não queria. E o filme corre, a história se desenrola como eu mexendo na porção de macaxeira recheada.

E a vida desce suave pela garganta como o sabor do suco de graviola, que há tanto eu já não sentia e que soa a lembrança de outros dias e saudade de casa. E concluo no fim da noite que você é uma ótima companhia para dias frios, quentes, leves ou pesados... E algo bobo me domina ao abraça-lo inconscientemente desejando agradecer por estes detalhes que se haviam delineado na minha alma durante os poucos instantes em que eu conheci você.