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Mostrando postagens de maio, 2024

-SILÊNCIOS

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Sentia uma revolta dentro dela queimando como aquela azia de pão com mortadela. Azedava seu dia o ver fingindo que perdeu a memória. Rogou-lhe até uma praguinha minúscula para que perdesse mesmo. De preferência que ela também o pudesse fazer. Que ficasse claro que ele começou a palhaçada de paixão, ela jamais mencionara alguma coisa assim, falou apenas que ele era uma brisa suave que trazia paz, ele que em sua ansiosidade pecaminosa transformou isso em estar apaixonados. E adicionou o fogo carnal dele a estória. Abominava inclusive seu anti-cuidado. Seu egoísmo tremendo de não enxergar ela como alguém que poderia ser primeiramente ajudada e depois... bem, depois a gente via. Sua vontade era grande, queria tocar-lhe timidamente e depois abandoná-lo como parecia ser-lhe um hábito fazer. Até mesmo a indiferença tem limites né, bonito? Pensava ela em pavorosa. Como ele pôde ir tão longe, com tanta ousadia e depois ser tão frio quando um iceberg na Antártida? Pior que isso, aquele blo

-CAOS

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Sentada ali naquela sala meio sufocante, eu via um outro mundo a minha frente. A parede com vestígios de mofo, mas muito sutilmente pintada servia como um projetor de minha alma. Podia ver o caos em mim ao longe e à medida que o homem que vestia azul escuríssimo, cuja barba era bem alinhada e o seu semblante era de uma suavidade que ao primeiro contato inspirava certa confiança me questionava sobre o que gosto, de que tipo de pessoas gosto, eu ia me aproximando vagarosamente daquele caos. As mãos estavam suando frio e os dedos não paravam de se entrelaçar como numa dança louca. Cada passo em direção a escuridão em mim era difícil, tremulo e ansioso. Fiquei ali por minutos que voaram, preocupada de saber até onde aquela experiência a qual relutei por anos ter iria me levar. Olhava o seu aparelho celular com mais frequência do que eu poderia ignorar. Pensava comigo se eu era algum espécime de mostro horrível que além de apavorar a mim, assustava também aquele homem. O ritmo compassado