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MÁGICA LUNAR

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Quando entramos em casa estava frio lá fora, a previsão do tempo indicava que poderia nevar. Tínhamos uma boa garrafa de vinho branco envelhecido sobre a mesa de centro, dois japoneses para forrar o estômago, um jarro com orquídeas e duas taças ansiosas. Um cobertor de lã e fibras e um assento diante da lareira. Íamos comemorar em grande estilo, afinal não é todo dia que se encontra o amor da sua vida. Tínhamos uma sensação boa de aconchego e conversa para uma noite, ou a vida, inteira. E foi assim que começamos a descobrir a felicidade a dois. ***** Eu conheci o Sebastian numa livraria que fica no quarteirão ao lado da minha casa e é um anexo de um café que sempre frequento nas quartas quando tenho um tempinho sobrando. Eu, uma farmacêutica recém-formada, e Sebastian um astrônomo brilhante com um imenso conhecimento, e eu sei que ele vai longe. Um dia estava com ele diante do mar e comentei ‘ você vai longe’ e ele sorriu e me respondeu ‘não tenho muitas certezas na vida, n

CONFIDÊNCIAS DE UM SILÊNCIO

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Sabe que fico surpresa. Como pode você que jamais me viu pessoalmente, olhou nos meus olhos ou sentiu minhas mãos saber tanto de mim e conseguir ler-me em silencio? Quando ouvi sua voz límpida ao telefone já podia sentir que era hora de virar a página e me reconstruir com o que tenho de mais verdadeiro e meu, que sou eu mesma e tudo de mais que bom que existe em mim. Ando lutando contra meus monstros interiores, mas isso nunca precisei te contar. Você sempre sabe quando estou conseguindo lidar comigo e quando apenas suporto e finjo sorrir. Diante das minhas verdades fico prostrada, simplesmente sem entender como todos aqueles que convivem comigo todo dia não sabem e você que jamais me viu pode saber. Ai eu descubro que sempre que falo você se cala e em silencio me escuta. Que você guarda as boas conversas arquivadas em algum lugar do seu cérebro fenomenal e sempre que precisa consulta-las, lá estão às verdades explicitas e as implícitas. No dia que disse que eu devia repens

LEMBRANÇAS DE VIDA

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Sai cedo aquele dia porque no intimo acreditei que seria bom para minha imagem ser pontual ao menos uma vez na vida. Infelizmente não foi esse o caso... Odeio esses sábados vazios e cheios de incômodos. Aquele trânsito estava infernal, aquele calor, sufocante, aquele barulho, enlouquecedor. E aquele cara do carro prata buzinando piorava em muito esse cenário. Um xingamento dele foi suficiente para em minha mente despertar antigas lembranças... Estava com meu pai num dia daqueles. Ele me instruía a lidar com o próximo nos trânsitos engarrafados da vida. E diante dele na mesma situação aquele cara do carro prata estaria completamente diminuído. E que meu pai era meio ‘exaltado’ eu diria. Não foi violento sequer uma vez na sua vida, mas tinha um terrível temperamento agridoce que nos aporrinhava na convivência diária e no engarrafamento então, ele só não dizia PADRE NOSSO, porque para adiante podia se ouvir de modo estridente sons intensos e recheados de verbopalavrõesia, ou seja,