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-UMA CARTA DE 2016

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Se tiveres algo mais a dizer então dizes logo. Fala mal, grita, bate na minha cara. Diz que roubei muito de você, seus sonhos, vidas, planos, desejos que nem sequer puderam brotar direito e eu já os furtei agressivamente e cruelmente. Eu sei que não agi do melhor modo, sei que fui impulsivo, desmedido, arrogante, bruto com você. Sei que foi um dos períodos em que mais cometi erros sequenciais e absurdos, induzi muitos a caminharem do meu lado rumo ao precipício, abusei de sua ignorância e os usei descaradamente. Eu os levei a crer que era uma boa decisão quando na verdade era o inicio do fim... Eu admito isso, errei muito sim! Mas, pense compassivamente sobre mim, reveja seus dias, reconte suas horas, reviva tudo minuciosamente e responda com toda sinceridade que puder: Não houve sequer um acerto? Será que durante esse tempo não fiz absolutamente nada que você pode recordar e sorrir, que ao lembrar você tenha uma boa impressão daquele momento? Não houve sequer uma flor plantada no

-AINDA BEM QUE EU PEGUEI ESSE ÔNIBUS!

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Eu peguei o ônibus que faz o maior percurso por falta mesmo de opção naquele instante. Mas, o maior percurso transcorre dentro de nós um maior numero de pensamentos e para seres extremamente fáceis de devanear e perder-se em pensamento esse é até um momento de prazer singelo. O fato é que senti ao longe um cheiro familiar, lembrei-me de casa... Da minha velha casa lá no curimataú, na minha Cuité que a chuva tem esquecido, com aquele cajueiro cansado na porta e sua imensa fadiga de seca, com seus retoques de isolada e sua áurea de saudade eterna de tempos que já não voltam mais... Sonhei ontem com a lua cheia, a lua mais linda do mundo, que em sua imensidão enchia os nossos olhos vista sobre a lagoa, aquele era o reflexo mais soberano e glorioso que havia naquele cantinho... Hoje está tão vazio, dá tanta saudade... Lembrei-me então de outra eu que era bem mais jovem, bem menos cansada e mais sonhadora do que eu poderia descrever, lembrei-me do primeiro emprego (um dos) que deram

In memoriam

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Catava silenciosa os pedaços de nós. Uma caneca vazia em cima da mesinha de centro, seus chinelos no canto do sofá, suados, como se chorassem a sua eterna falta. Sua camisa azul preferida jogada no braço da cadeira de madeira no lado sul daquela sala imensamente vazia, que tão cheia era e hoje é um abismo. Ainda ontem era de risos que se inundava cada pedra dessa estrutura. Hoje só o silencio aguado de uma vida toda pela frente sem você. Eram de sonhos bonitos que nossos olhos enchiam-se, você vinha sorrindo como o campeão que a vida te fez, honesto nas derrotas, brilhante nos desafios, encantador nas vitórias! Caminhando até com certa pressa em direção ao futuro, desesperado pelo fim do que definiria um novo começo para todos. Talvez, o capitulo mais forte e mais significativo da história estivesse sendo escrito ali, no canto mais distante daquele trágico voo, na janela olhando lá fora nuvens escuras e certo ar de mistério, talvez ansiedade, mais um jogo, um desejo incontrolável

-NOSSA MÚSICA

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     A música que tocava naquele velho piano era uma poesia nascendo em mim e emocionada pela beleza e leveza do deslizar dos seus dedos enrugados e frágeis pelas teclas cansadas, terminei nem notando que despertava uma parte de mim que já acreditava não mais existir. Mas, do nada vieram a minha mente lembranças bem antigas, daqueles outros anos mais joviais e menos inundados desse marasmo que hoje me cerca.     Estava voando nos seus braços, sob o céu azul de janeiro, o mundo era nosso. Naquele dia o sol havia sido o mais brilhante, e as nuvens as mais belas formas já vistas, á noite a lua exuberante concluía o espetáculo que havia sido viver aquele dia do seu lado. Outros tempos, outras energias fluíam de mim como se a sua música me pudesse fazer reviver, voltei aquele dia e me tornei eterna.     Quantos sonhos se perderam pelo caminho? E quem hoje somos eu e você? Ambos fomos tudo um para o outro naquele dia, e hoje parecíamos estranhos separados pela vida cotidiana, às veze

-MINTA PRA MIM!

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João Pessoa, 11 de Agosto de 2016 Olá Princesa, Como estará você agora?  Pergunto-me como eu estou agora que finalmente curou a dor e já posso te escrever com a certeza mórbida de que em mim não há mais mágoas a serem remoídas e que jamais lerá isso. Como eu estou? Espero sua resposta e sua pergunta. Escreva-me e finja que se importa, finja que não pode viver sem mim, minta (como sempre faz) que aquele era seu primo, que foi um beijo de amizade e que sou o único que realmente você pode amar. Minta que estavam do lado da cidade que chovia e por isso estava com pouquíssima roupa, que tem medo de resfriado, mas que pudor, que não queria ficar doente, que precisa se cuidar para mim, que jamais trocaria o brilho vibrante do meu olhar pela luz fosca dos dele. Minta! Minta que já não sabe sem mim o que é sorrir, e que respirar dói, tá difícil, sem saber se vou te perdoar e voltar para o teu lado. Minta que seu céu já não é o mesmo, nunca esteve antes tão nublado, cinza,

CAMINHOS DO CORAÇÃO

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Caminhava distraída por uma esquina qualquer e cruzei com o ex-amor da minha vida. Agora casado, agora com um pirralho barulhento e uma senhora divina do seu lado. Fiz o que qualquer pessoa sensata faria e cumprimentei a família sorrindo com total deboche por saber que isso era do que ele mais fugiu na vida. Tinha o semblante cansado, parecia exausto de obrigações ou da vida, não sei e nem importa. Segui meu caminho e depois daquele dia nunca mais soube dele... Até o dia fatídico que ele bateu em minha porta e abraçou-me inesperadamente pedindo um minuto de minha atenção, preciosa a esse ponto da vida, mas caridosa também. Estava disposta a ouvir suas lamúrias e mesmo com dúvida, se ia rir ou comover-me ao final, eu resolvi arriscar. Resultado do papo é que estava viúvo, havia perdido a família num acidente de avião, sentia-se culpado porque desejando um descanso deles mandou-os para umas férias em Los Angeles e a tal fatalidade ocorreu, e apesar de ter decidido por ficar comovid

-RELACIONAMENTO SÉRIO

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‘Não me apeguei a você. Jamais! Claro que não, que coisa mais ridícula, eu apegada á você... Tem até graça. Você acha isso só porque eu fico compulsivamente, mas não racionalmente vendo seu perfil no watts? Só porque eu durmo com aquela sua camisa azul para sentir seu cheiro? Só porque eu fico vendo suas fotos e fazendo montagens de seu rosto com o meu? Só porque eu toda vez que passo de ônibus dou um giro de 360 graus na cabeça para olhar sua janela? Que ridículo! Isso não é apego, nunca foi meu Bem! Isso é amor!’ Att Eu Eram essa as belas palavras da carta de amor que eu planejava escrever quando numa dessas ‘viagens’ pela sua rede social eu vi a frase deteriorante e avassaladora, a pior que uma romântica moça alheia à realidade poderia ver –‘Num relacionamento sério’- E não era comigo, espera... Tem alguma coisa realmente errada nessa palhaçada toda! A gente havia saído no domingo, você gostava era de mim, lembra? Caí no sofá, levantei-me e fui cair na cama, afinal é bem