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-O EXPERIMENTO

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Um dia desses me perguntei meio que do nada, afinal, como nasceu à solid ã o? E descobri curiosamente que é uma historia bem antiga e, claro, n ã o vou contar com detalhes porque o objetivo era só saber mesmo. Totalmente inesperada eu diria. Dizia o estudo cientifico publicado em uma revista renomada da área das ciências psicológicas que a solid ã o era advinda de um experimento realizado por cientistas franceses logo que a humanidade surgiu. E esse estudo era para saber se o ser humano poderia existir sem esperança e como efeito colateral eles deram a luz, ou melhor, um nome eu acho mais pertinente, deram ent ã o um nome aquele sentimento de angústia e vazio universal que deixa o peito sufocado, chamaram de solidão. Assim foi que nasceu... Quanto ao verdadeiro objetivo do experimento a descoberta foi ainda mais assustadora. Pessoas foram “recrutadas”, s ã o os primórdios na verdade ent ã o n ã o havia comiss ã o de ética para avaliar a metodologia podendo-se de certa forma ser li

-UM JANEIRO QUALQUER

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Estou sufocando... A poeira grossa dentro dos meus pulm õ es me impede de respirar, o ar quente fora do meu corpo me arrasta fortemente ao abismo. Quero gritar, desejo isso com avidez e pânico, quero me entregar ao mar infinito para que me carregue suavemente em suas ondas descompromissadas, quero ser leve e poder respirar. Quero gritar, sei que tem um grito louco preso na garganta e n ã o sai, n ã o consigo, sinto aquelas m ã os grossas e enluvadas a sufocar-me. Desabafo e desabo em lagrimas quentes uma vez após outra, esperando sempre por alguma saída milagrosa, mas n ã o vem. Aquela esperada salva ç ã o tem tardado demais para mim, ao meu socorro nada acontece, apenas um dia fingindo correr, mas indo lentamente ap ó s o outro e um janeiro com 300 outros dias, o maior mês de uma vida inteira. Quero alcançar um despertar sem angustias, a alegria de um sorriso livre, desejo ardentemente como um fogo em brasa plena, um abrigo onde pousar. Tenho urgência de dias melhores, tenho uma esper

-O HOMEM INVISÍVEL

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Havia claro, um ritual a ser cumprido. Primeiro aleatoriamente passeamos em volta fazendo uma  pré-seleç ã o de onde exatamente aquela “ purifica ç ã o ” aconteceria. Segundo, depois de minuciosamente examinados, podemos decidir pelo primeiro que obviamente j á havia nos conquistado a primeira escutada. Entramos metodicamente escolhendo onde sentar, dando prioridade ao cantinho mais externo, mais ventilado, mas harmonioso com nosso clima de fuga da realidade. Bem que as pessoas usando cigarros recreativos, no fundo escuro do bar, próximo à praia n ã o fora uma escolha nossa, mas uma realidade atrelada de algum modo a   essa historia. O cantor até às 21h era sem dúvida uma das, mas n ã o a ú nica coisa boa. E digo isso porque a comida era horr í vel, o sabor do camar ã o era de uma angustia conflitante com a alegria que deveria habitar o prato, as batatas pretas, ao inv é s de fritas, tamb é m foram bem decepcionantes. Os copos que deviam ser de shop que eram de café de interior, a

HOJE NÃO

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... A mala empoeirada que guardava na garagem sendo bruscamente retirada liberando partículas de saudade velada pelo ambiente inteiro... O barulho repetitivo dos cabides batendo um contra o outro sendo empilhados com certa força e com certa pressão, o abre e fecha das portas do guarda-roupa cinza que batia contra a parede todo instante, as marcas de vinho no lençol branco, o cheiro de banho que saia pela janela dançando e mentindo sobre uma felicidade inexistente, o sol que entrava no quarto, seu perfume derramado no ambiente e o peso dos seus passos indo embora... Era só isso que me vinha à mente quando estava passando por aquela rua e inconscientemente olhava para cima, aquele prédio ‘Atlantis’, aquela velha senha do portão, aquele mesmo senhor sorrindo na entrada... Felizmente ou infelizmente nada mudara além de nós... Pensava até então que as quartas eram os melhores dias, até aquele dia que você deixou-me sozinha e seguiu após uma boa noite, em choque pensava num por que a voz

-NÃO ERA A POEIRA...

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Mudei-me recentemente sabe, e da minha nova casa posso ver pela janela imensa da sala a vida lá fora mais clara e empoeirada do que nunca. No fim dessa tarde, deixei-a aberta por conta do ar sufocante e quente que me açoitava os pulmões castigando-os. E pude sentir a invasão completa da poesia que emanava da rua desesperada por virar palavras que pudessem ser lidas. No fim da tarde amarelada daquela janela um senhor de blusa verde a cabelo extremamente branco pousou seu corpo envelhecido sobre o asfalto quente e ficou ali parado, como que congelado contemplava o horizonte, os carros e a vida que naquele instante abominava sua presença ali atrapalhando o transito. O senhor, eu via pelo meu espelho por acaso, perdeu seu chinelo e o buscava com seus pequenos passos retraídos e cuidadosos que com certeza a vida lhe ensinou durante seus melhores dias. Talvez, eu pensei comigo, talvez aquela minúcia o tivesse mantendo vivo ate aquele momento. Quantos se perdem dessa vida por sua inconseq